Em fevereiro de 1922, um evento chamado de “Semana de Arte Moderna”, organizado por artistas e intelectuais, aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo.
A proposta era abandonar os padrões artísticos que dominavam as produções até então. Apesar do reconhecimento hoje, na época o evento foi duramente criticado.
Uma curiosidade que muita gente não sabe é que a Semana tem uma relação direta com o nascimento da Belas Artes.
Isso porque seu fundador, o artista Pedro Augusto Gomes Cardim, estava diretamente envolvido com o movimento.
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O que foi a Semana de Arte Moderna?
A Semana de Arte Moderna ocorreu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Foi organizada por um grupo de artistas que se inspiraram nas vanguardas europeias.
Ao quebrar os padrões usados até então, criaram um movimento conhecido como modernismo, que apresentava novos conceitos artísticos.
Durante o evento, os artistas exploraram a brasilidade a partir da valorização de temas ligados à cultura nacional. Fizeram isso por meio de pinturas, música, dança, poesia e escultura.
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Plínio Salgado e Sérgio Milliet são alguns dos artistas que participaram da Semana.
Apesar de ser conhecida como um dos grandes nomes do modernismo brasileiro, Tarsila do Amaral não participou do evento porque estava em Paris.
Além de criar uma ruptura no modo de fazer arte, o movimento queria transformar a maneira de consumi-la, algo restrito à elite brasileira. No entanto, parte dos artistas que idealizam o evento vinham de famílias paulistas tradicionais.
Foi só depois de muito tempo que a Semana de Arte Moderna teve sua relevância devidamente reconhecida.
Quando aconteceu, foi mal vista não apenas pela crítica especializada e pela imprensa como também por parte da sociedade.
Mas, no final das contas, o evento foi revolucionário e até hoje ecoa no universo das artes. Não é à toa que 100 anos depois ainda chama tanta atenção.
Qual a relação entre a Semana de Arte Moderna e a criação da Belas Artes?
A Belas Artes foi oficialmente fundada em 1925 pelo artista Pedro Augusto Gomes Cardim, filho do artista português João Pedro Gomes Cardim.
Justamente por conta da trajetória de seu fundador, a instituição tem uma forte relação com a Semana de Arte Moderna e os artistas envolvidos no movimento.
Pedro Augusto e a vida artístico-cultural paulistana
Antes mesmo de fundar a Academia de Belas Artes – como foi chamada num primeiro momento –, Pedro Augusto já tinha um papel ativo no cenário artístico e cultural de São Paulo.
Tanto é que participou e lutou pela criação de instituições de peso, como o Teatro Municipal, o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, a Academia Paulista de Letras e a Companhia Dramática de São Paulo.
Em seu livro “O Sonho e o Trabalho”, Pedro Augusto falou da necessidade de movimentar a cidade com atrativos culturais:
“Acresce ainda que São Paulo, cujo elemento de prosperidade está na corrente imigratória, como fim de alcance econômico e civilizador deve colocar-se a par dos centros populosos e adiantados, no que eles têm de atrativo e conforto moral, para melhor vantagem oferecer a preferência não só do próprio colono como do viajante em geral. Não colhe o argumento de não haver ainda em São Paulo um meio artístico próprio a sustentar um teatro.”
Isso explica por que a Belas Artes tem uma ligação tão íntima com a história da cidade.
Para o seu fundador, o ensino das artes foi uma consequência da sua trajetória. No mesmo livro, ele diz que “a arte é a natureza, a educação é o preparo da tela onde a vamos relevar”.
A partir dessa visão, criou a instituição como um espaço não apenas de troca de conhecimento como também de diálogo e de desenvolvimento da criatividade e expressão pessoal.
Além disso, Pedro Augusto queria tornar a arte mais acessível, pois acreditava que ela devia ser para todos.
Para ele, “a arte, como um organismo moral que é, com a sua função social determinada, pode, assim como a flor, brotar espontânea, com a real beleza e o inebriante perfume, dotados pelo alento criador da terra”.
Efeitos da Semana de Arte Moderna
Por estar envolvido com o movimento modernista, Paulo Augusto era muito amigo dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna.
Mais do que isso, a criação da Belas Artes é um resultado desse grande evento artístico. Afinal, foi a partir dessa efervescência de ideias, rupturas e inovação que a instituição nasceu.
Na sua fundação, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia estavam presentes. E outras figuras importantes também passaram por lá ao longo dos anos.
Em 1934, o primeiro Salão Paulista contou com a participação de nomes como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Alfredo Volpi.
Desde lá, a Belas Artes vem se mostrando como um espaço valioso para o cenário artístico do País, fazendo jus ao que Paulo Augusto desejava:
“Vejo, de um lado, o Conservatório, o primogênito da minha prole artística, pois que de outra não me gabo e com essa, louvado Deus, de sobra tenho com que me orgulhe, de outro, sorri-me, num olhar de alvorada promissora, a Academia de Bellas Artes, a caçula que, espero dentro em pouco ver garbosa e altaneira, bem merecendo, em glorificação, de seu Estado e de sua Pátria”.
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Embora o evento tenha acontecido há 100 anos, as ideias apresentadas na Semana de Arte Moderna continuam ressoando nas produções dos artistas até hoje.
Para transformar as artes, é preciso conhecer o passado e estudar o que já foi feito pelas gerações anteriores.
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